O desafio das mulheres na política

Escrito em 08/03/2025
adminjornal

Entrevista a Maria das Neves Rodrigues

Presidente da Junta de Freguesia de Forninhos e Deputada da Assembleia Municipal de Aguiar da Beira

(+) Considera que as mulheres continuam sub-representadas na política, nomeadamente nas autarquias locais, em Portugal, apesar da Lei da Paridade?

M.N.R. Sim. Acho que podia haver muitas mais mulheres envolvidas na política, porque ainda não são assim muitas e se não fosse a Lei da Paridade haveria muito menos, acredito que sim.

(+) Considera que no Concelho de Aguiar da Beira se não fosse a Lei da Paridade dificilmente haveria mulheres nas três primeiras posições (ou em lugares de destaque) nos órgãos das autarquias locais?

M.N.R. Acredito que sim. Se não fosse a Lei da Paridade, as mulheres nas listas eleitorais seriam muito menos. Acho que o envolvimento das mulheres na política é muito interessante e acrescenta outra sensibilidade. São diferentes na maneira de pensar, na maneira de agir, na maneira de chegarem ao próximo. Acho que as mulheres têm um valor muito grande na política e acho que precisamos muito mais de mulheres do que há aquelas que temos.

(+) Quais os maiores desafios/barreiras que as mulheres enfrentam na política? E quais os maiores desafios/barreiras que tem encontrado enquanto mulher autarca?

M.N.R. Como mulher autarca, desafios e barreiras não tenho encontrado muitos. No nosso concelho, apesar de sermos poucas, não tenho muita razão de queixas, não tenho encontrado muitas barreiras coma mulher presidente de uma junta de freguesia. Tenho sido bem aceite por toda a gente e por todos. Mas, é verdade que as mulheres ainda enfrentam muitos desafios na política. Só o facto de ser mulher, infelizmente, ainda é limitador. Talvez porque a mulher sempre esteve associada muito ao trabalho de casa, de cuidar dos filhos, do marido. E acho que grande parte da sociedade ainda não está preparada para ver as mulheres em cargos de poder, porque ainda persiste o estereótipo que “o lugar da mulher é em casa e a cuidar dos filhos”. Mas acho que o tempo está a mudar e há bons exemplos de mulheres na política e em cargos de poder e tomada de decisão, em destaque a nível mundial.

(+) Na sua perspetiva, que medidas poderiam aumentar a participação feminina na política?

M.N.R. A Lei da Paridade já sabemos o que é uma boa medida e, talvez, ainda possam aumentar a quota de representação. Depois, medidas que contribuam, por exemplo, para que o homem participe mais nas tarefas domésticas e para o apoio à família, fazendo com que a mulher também tenha mais tempo para atividades como a política, e que promovam a igualdade de género. Ainda criar incentivos para a participação das mulheres na política.

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