Entrevista a Rosália Campos
Deputada da Assembleia Municipal de Aguiar da Beira
(+) Considera que as mulheres continuam sub-representadas na política, nomeadamente nas autarquias locais, em Portugal apesar da Lei da Paridade?
R.C. Sim, considero que as mulheres continuam sub-representadas na política, pois ainda existe algum preconceito por parte de uma grande maioria da população, no que diz respeito à “grande exposição” que um político tem que ter no desempenho do cargo para que foi eleito.
Penso que todos temos que trabalhar no sentido de dignificar a política e os políticos, pois a política está relacionada com aquilo que diz respeito ao bem público, e à vida comum, como tal, deve ser exercida quer por mulheres, quer por homens.
(+) Considera que no Concelho de Aguiar da Beira se não fosse a Lei da Paridade dificilmente haveria mulheres nas três primeiras posições (ou em lugares de destaque) nos órgãos das autarquias locais?
R.C. No conhecimento que vou tendo quanto à “vida política” do Concelho de Aguiar da Beira, acredito que essa questão se coloca quanto à Câmara Municipal e Assembleia Municipal. Já no que diz respeito às Juntas de Freguesias e Assembleias de Freguesia penso que a questão não se coloca, vejo com muito agrado cada vez mais mulheres jovens a interessarem-se pelo destino da população das suas áreas de residência, pelos seus problemas e com ideias muito concretas para a resolução dos mesmos e muito atentas ao facto de termos uma população cada vez mais envelhecida e com necessidades muito específicas.
(+) Quais os maiores desafios/barreiras que as mulheres enfrentam na política? E quais os maiores desafios/barreiras que tem encontrado enquanto mulher autarca?
R.C. Enfrentam os desafios/barreiras do conciliar a vida pessoal (serem mães), profissional e ainda o terem tempo para exercerem o cargo político para o qual foram eleitas, o que nem sempre é fácil, pois na nossa sociedade ainda existe a ideia (mais ou menos formada) que as mulheres é que têm que cuidar dos filhos.
Quanto aos desafios que tenho encontrado enquanto mulher autarca, prendem-se principalmente com o interesse por conhecer melhor o meu Concelho, as preocupações das populações e o sentido de responsabilidade na ajuda da resolução dos problemas das mesmas
Quanto às barreiras não as encontrei, ou seja, sendo eu mulher nunca encontrei qualquer obstáculo no exercício do meu cargo político.
(+) Na sua perspetiva que medidas poderiam aumentar a participação feminina na política?
R.C. Aproveitar os “media locais, regionais e nacionais” para desmistificar o conceito de que “a política é para os homens” ou “os homens têm mais tempo para exercer cargos políticos”, através de debates e conversas com mulheres e homens que, dando o seu exemplo de políticos no ativo, pudessem incentivar mais mulheres e homens. Aproveitar disciplinas escolares como” Educação Cívica” para envolver e ensinar os alunos no sentido de responsabilidade Cívica, direitos e liberdades e também despertá-los para a participação na vida política. A sociedade civil deve promover e participar em palestras, congressos, fóruns, etc., quer a nível local quer a nível regional, para aumentar os níveis de literacia política e cidadania das nossas populações.